sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Estatísticas de uma tragédia

Os acidentes de tráfego são considerados hoje, uma questão prioritária de saúde pública em âmbito mundial. Em 1999, o total de mortes causadas por estes acidentes alcançou o nono lugar na relação das maiores causas de mortalidade do planeta.

A previsão da Organização Mundial de Saúde para o ano de 2020, revela um salto para o terceiro lugar. Em 1998, morreram no mundo 1170.694 pessoas em acidentes de tráfego.

O mais trágico, talvez, é saber que a maioria desses prejuízos (humanos e econômicos) são evitáveis, em razão da notória imprudência e dos abusos cometidos por motoristas e pedestres.

Se quisermos reverter à situação atual, relacionada ao alto índice de acidentes e mortes nas vias públicas e rodovias - e que faz do Brasil o campeão mundial em mortes no trânsito, teremos que primeiramente defini-lo como um aspecto negativo do sistema de segurança dos transportes, cujos reflexos se estendem pelas áreas da saúde pública e econômica do País - um efeito colateral do sistema contra desenvolvimento e prosperidade da sociedade. Em segundo lugar, definir um futuro cenário almejado e possível. A partir daí, criaremos as formas de atuação, considerando o envolvimento de pessoas e organizações.

Não foram as guerras ou violência urbana que mataram mais no ano passado no mundo, mas o trânsito. Essa realidade, que é especialmente, brasileira, deve ser mudada. Pelos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2002, 1,2 milhão de pessoas morreram em acidentes de trânsito, enquanto os homicídios fizeram 600 mil vítimas e as guerras 300 mil.

Essa realidade pode ser alterada por meio de educação pública e participação da sociedade em campanhas de conscientização, do aumento da segurança no trânsito e da fiscalização e do aperfeiçoamento do Sistema Nacional de Trânsito.

No Brasil, o saldo é trágico: são 20.039 vítimas fatais (2001), e 373.557 com sequelas. Existe até um cálculo para medir o prejuízo econômico para o País com os acidentes nas cidades: conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), custam R$ 5,3 bilhões ao ano à sociedade. Pelo fato de a pesquisa ter se restringido às aglomerações urbanas, os custos dos acidentes ocorridos em rodovias fora do perímetro urbano não estão incluídos, ainda que estes acidentes sejam os mais graves, embora menos numerosos.

Nesse custo estão computadores componentes como perda da produção, 42%; danos a veículos (28,8%); atendimento médico-hospitalar, quase 15% desses danos; processos judiciais; congestionamento; custos previdenciários, enfim, uma gama de custos envolvidos na loucura que é o trânsito brasileiro.

Os leitos hospitalares vivem lotados de vítimas de trânsito, cujas consequências, em todos os sentidos, comprometem - não apenas de acordo com o dado citado anteriormente dos aglomerados urbanos, mas em todo o país - mais de R$ bilhões por ano de custo de saúde pública para socorrer esse absurdo.

Beto Albuquerque

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