BLOG VIDA URGENTE
A história da Fundação conta com pessoas especiais que estão ao nosso lado nesta caminhada em defesa da Vida.
Conheça mais algumas, que nos ajudam a escrever esta história de uma Vida Urgente todos os dias.
A viagem da Vida
Eram 7h e 30min de uma manhã de inverno ensolarada que prenunciava a primavera que estava para chegar naquele ano de 1.995. Eu aguardava a chegada do “Professor”, “Tio” ou um dos outros tantos apelidos carinhosos pelos quais os alunos se referiam ao Régis, em frente ao cursinho para irmos a Caxias do Sul, na serra gaúcha.
O Régis estava indo fazer o que fez a vida inteira, dar aulas, enquanto eu ia com mais um colega tentar executar a difícil tarefa de localizar e convencer o cartunista Iotti a fazer uma caricatura do Radicci junto com o Régis para estampar nas camisetas da nossa equipe, nos jogos de primavera do Grupo Unificado.
Quando o carro se aproximou tivemos uma surpresa, junto com o Régis estava a Diza. O acidente havia ocorrido a poucas semanas e sabíamos que devíamos evitar a todo custo esse tema. Mas isso nem foi preciso porque em menos de 10 minutos após o carro arrancar a Diza desatou a falar como se quisesse desabafar sobre o ocorrido.
No “auge” dos nossos 18 anos não sabíamos exatamente como lidar com aquela situação, como agir ou que responder, e por isso nos limitávamos a escutar o que ela dizia (e concordar com ela, obviamente!). E foi assim durante todo o trajeto, que apesar de curto fisicamente pareceu ter levado dias para ser concluído de tanto que a Diza falava.
Era perceptível a sua indignação, não com o acidente em si, mas com a impotência e conformidade da sociedade frente ao ocorrido. Ela reiterava que perder um filho não podia ser natural e que precisava fazer alguma coisa, precisava tomar uma atitude em relação aquilo que ela dizia ser a pior sensação da vida deles enquanto pais.
E o mais impressionante estava por vir. Sem mencionar nomes, ela como boa arquiteta elaborou um rascunho mental perfeito daquela que se tornaria a maior e mais significativa campanha de prevenção de acidentes de transito do Brasil e, quiçá, do mundo, organizada por uma ONG.
A determinação em ir aos bares e casas noturnas de Porto Alegre e dizer aos jovens como nós que beber e dirigir na vida real dava errado sim, era o delineamento do que viria a ser a primeira e mais famosa ação da Campanha Vida Urgente, a chamada Madrugada Viva. Aliás, nem o nome da campanha estava definido ainda, ela apenas dizia que tinha que fazer alguma coisa “urgente” para que outros pais não passassem pelo mesmo sofrimento deles. Creio que a ligação entra as palavras “urgente” e “vida” foi natural na cabeça e, principalmente, no coração deles pouco tempo depois.
A energia positiva do Régis e da Diza sempre foi contagiante, mesmo logo após perder o Thiago e as idéias deles eram muito consistentes. Me recordo que ao final da tarde, quando voltávamos para Porto Alegre e a Diza continuava falando sobre “fazer alguma coisa” e “conversar com os jovens”, eu pensava comigo “- poxa, que bacana as idéias dela! Pena que ela não vai levar isso adiante”. Eu achava que quando a dor diminuísse ou eles cansassem de lutar sozinhos todas as ações que ela citava e a campanha que ela arquitetava se perderiam com o tempo.
Para sorte de muitos jovens (e para minha mesmo), eu estava errado… Daqui pra frente todos conhecem a história de como a Vida Urgente conseguiu dizer aos jovens que ser babaca é morrer com 15, 19 ou 26 anos, quando o que mais se deseja é viver!
Com o Régis e a Diza aprendi o real significado das palavras condescendência e solidariedade humana e só tenho a agradecer pelos momentos alegres de convivência e pela amizade nestes anos todos. Mas principalmente por me oportunizar retribuir à sociedade tudo de bom que recebi até hoje, através do trabalho como voluntário na Vida Urgente, à qual tenho orgulho de ser um dos fundadores. Somente sendo um voluntário para compreender o que estou dizendo e saber o que significa esse sentimento de participar da campanha.
Parabéns à Comunidade Vida Urgente, porque (como dizíamos lá no início) a Vida é Tudo!
Atenciosamente,
Jean Calbar
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) – Concedo a palavra ao ilustre Deputado Beto Albuquerque.
O SR. BETO ALBUQUERQUE (Bloco/PSB-RS. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, a morte de um jovem chamado Thiago de Moraes Gonzaga no trânsito, em Porto Alegre, deu origem à Fundação Thiago Gonzaga, que, por meio da campanha Vida Urgente, leva vida, mobilização, voluntariado e conscientização por um trânsito mais seguro.
A Fundação Thiago de Moraes Gonzaga está chegando aos 14 anos, portanto quero registrar, neste plenário, o ótimo trabalho pela paz no trânsito que ela desenvolve. Envio um abraço carinhoso a Diza Gonzaga, lutadora de todas as horas, a Régis Gonzaga e aos milhares de voluntários em todos os Estados, pois essa causa espalhou-se pelo Brasil.
Acima de tudo, posso dizer, com tranquilidade, que Thiago de Moraes Gonzaga vive e está nas ruas, representado pelos voluntários que defendem a paz no trânsito.
Muito obrigado.